Max Weber - 1864
Foi um sociólogo alemão, podemos considerar ele um dos pais da sociologia.
Weber
cresceu em meio as mudanças drásticas em seu pais causado pela
revolução industrial, o crescimento rápido das cidades e das indústrias,
a elite formada pelos donos dessas grandes indústrias substituem o
poder aristocrático, Weber passou sua vida observando essas mudanças, e a
partir desse aprendizado empírico ele destaca pontos chave para
entendermos o funcionamento do capitalismo.
1 - Por que o Capitalismo existe?
De
bate pronto poderíamos responder que o capitalismo surge do
desenvolvimento e dá tecnologia, especificamente naquela época com os
motores a vapor. Entretanto Weber trás uma visão diferente, eu eu diria
até mais interessante: O que tornou o capitalismo possível foi um
conjunto de ideias religiosas, e não qualquer religião, o capitalismo
foi criado pela religião protestante, mais especificamente pelo
Calvinismo. na sua obra "a ética protestante e o espírito capitalista"
de 1905. Nesse livro Weber construiu argumentos do porque acreditava que
o protestantismo cristão foi peça fulcral no desenvolvimento do
capitalismo.
I - O protestantismo te faz sentir culpado.
Weber
analisa que os católicos são sortudos, pois podem cometer seus pecados e
se confessarem regularmente para serem "limpos" pelos padres. Essa
purificação no entanto não está disponível para os protestantes. Eles
acreditam que apenas Deus pode perdoar alguém, e isso não vai acontecer
até o dia do juízo final. Até lá Weber argumenta, protestantes guardam
altos níveis de ansiedade por pensar nessa necessidade vitalícia de
provar que são pessoas de bem a um Deus severo que vê tudo, sem falar
nada.
II - Deus gosta de trabalho duro.
Na visão de Weber o
sentimento de culpa era direcionado para obsessão em trabalho duro. Isso
Weber classificou como: A Ética de Trabalho Protestante.
Os pecados
do homem só podiam ser pagados através de uma labuta constante. Não
coincidentemente os protestantes tinham bem menos festivais e dias de
descanso. Na cabeça deles Deus não gostava de tempo livre.
III - Todo trabalho é sagrado.
Na
religião católica os trabalhos considerados sagrados eram apenas de
padres, monges e freiras, entretanto os protestantes declaravam que todo
tipo de trabalho poderia ser em nome de Deus, até mesmo trabalhos como
gari ou engenheiro, isso trouxe uma moral e seriedade para qualquer
profissão.
IV - É a Comunidade, e não a família que conta.
Em
países de maioria católico podemos perceber que a família é a base de
tudo, um exemplo é O Poderoso Chefão, em que a cultura italiana de
família é muito forte, não é a toa que Roma é o local de mais potencial
católico pela presença do Papa, que é considerado o líder mundial da
igreja católica. Já os protestantes não viam a família como a principal
base, a família poderia ser um refugio para atitudes negativas como ser
mesquinho ou egoísta. Os primeiros protestantes começaram a disseminar a
ideia de que deveríamos utilizar nossas energias para a comunidade em
geral, priorizando o macro onde todos deveriam viver com justiça e
dignidade.
V - Não existe milagres.
O protestantismo e o
capitalismo científico, não acreditavam nos milagres, Weber chamou isso
de "desencantamento do mundo", em vista disso, eles não consideravam que
a prosperidade era fruto de misteriosas vontades de Deus, ser rico ou
pobre só dependia do trabalho duro do homem, por não acreditar em
milagres, eles buscaram nas ciências a explicação e o entendimento das
mudanças, o que obviamente incentivou as investigações e descobertas
científicas que esporadicamente, traziam evoluções significativas para
tecnologia.
Aos olhos de Weber esses cinco fatores foram fundamentais para a concretização do Capitalismo.
Karl
Marx afirmava que religião era o opio da massa, uma droga inofensiva
para quem consumia, mas que induzia os fiéis a aceitação passiva dos
horrores do capitalismo.
[se você quiser saber mais sobre Marx deixe nos comentários] - texto na tela
Entretanto
Weber virou essa premissa do Marx de ponta cabeça, dizia ele que as
pessoas não engoliam o capitalismo por causa da religião, na verdade
elas só se tornaram capitalistas por consequência da religião
2 - Como desenvolver o Capitalismo pelo mundo?
Ao
redor do mundo existem mais de 35 países que tem o capitalismo bem
desenvolvido, ele talvez funciona melhor na Alemanha onde Weber começou
suas observações, mas nas 161 nações restantes, o capitalismo não está
tão bem assim. Isso é razão para grande perplexidade e angustia,
milhares de dólares são transferidos das partes ricas para as partes
pobres. Contudo uma analise Weberiana vai apontar que dar dinheiro para
os pobres não é uma solução funcional, pois a principio o problema não é
só dinheiro.
Para Weber países que não são bem sucedidos com o
capitalismo estão ligados a falta de ansiedade e culpa suficiente,
explico melhor: Eles creem num milagre que vai vir até eles, e festejam o
"presente", sem pensar no "amanha"...é como vc que fez uma divida maior
que seu salário e espera que um milagre não acabe com sua saúde
financeira. Fora a questão de "roubar" a Comunidade para dar a sua
família, que é o que vemos todos os dias em boa parte da nossa classe
política. Favorecer seus pares corruptos em detrimento da população que
paga impostos e pouco tem de retorno.
Nos dias atuais se alguém
pergunta-se para Weber como expandir o capitalismo no Brasil, ele diria
para focar no que hoje é equivalente a religião, que é a cultura, porque
é por intermédio das atitudes de uma nação, esperanças e um sentido pra
vida que uma economia pode florescer ou afundar.
Já na questão da
redução da pobreza e consequentemente na redução da desigualdade social,
Weber diria para começar no campo das ideias, por exemplo o Banco
mundial e o FMI não deveriam financiar a África subsaariana, na visão
Weberiana, com dinheiro e tecnologia, mas sim com novos pontos de vista.
A questão central para uma economia não deveria ser a taxa de inflação
mas o que é apresentado na TV de noite que normalmente são programas de
entretenimento barato.
3 - Como podemos mudar o mundo?
Weber
escreveu na era das revoluções, e ele também queria que as coisas
mudassem, porem ele acreditava que era necessário primeiramente entender
como funciona o poder político.
Na visão de Weber a humanidade passou por 3 tipos diferentes de poder:
As
sociedades antigas funcionavam com o que ele chamou de "Autoridade
Tradicional" que era a forma de os Reis ludibriar o povo com folclore e
divindade para justificar o seu poder.
Depois veio a "Autoridade
Carismática" onde um indivíduo heroico como Napoleão Bonaparte poderia
subir ao poder por conta desse carisma magnético, ou seja, um líder que
atrai o povo e o respeita mudando tudo por meio de sua paixão e força de
vontade.
No entanto Weber descreve uma terceira era de poder
conhecida como "Autoridade Burocrática": Um burocrataca consegue seu
poder através do conhecimento, o burocrata sabe como as coisas
funcionam, e essas coisas levariam anos pra alguém da massa compreender,
e por consequência a maioria de nós desistiria, o que é extremamente
útil para o poder estabelecido. O domínio dos burocratas tem enorme
implicação para qualquer um que almeja mudar uma nação, alterar sua
engrenagem sólida de poder, no Brasil e no mundo existe uma crença
compreensível, mas equivocada de que só precisamos trocar de líder, como
vemos de quatro em quatro anos na presidência. Mas na realidade remover
o líder quase nunca teve o impacto que se esperava, pois o presidente é
só uma parte dessa grande engrenagem de poder. Se desejamos que as
coisas melhorem, muitas coisas precisam ser feitas, desde processos
internos, burocráticos e menos dramáticos, ela pode vir de evidencias
estatísticas, relatórios detalhados a ministros, testemunhos a comissões
legislativas e revisões precisas das finanças publicas.
Weber nos
mostra como o poder funciona agora, e nos lembra que ideias podem ser
muito mais importantes que ferramentas ou dinheiro na mudança das
nações.
Sua tese é muito significante, com Weber aprendemos que muito
do que associamos com forças externas vastas e impessoais, é na
verdade, dependente em algo fundamentalmente intimo e, quem sabe, mais
maleável: O pensamentos em nossa cabeça
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