terça-feira, 3 de novembro de 2020

Resumo Max Weber - A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo

 

 

 

Max Weber - 1864 


Foi um sociólogo alemão, podemos considerar ele um dos pais da sociologia.
Weber cresceu em meio as mudanças drásticas em seu pais causado pela revolução industrial, o crescimento rápido das cidades e das indústrias, a elite formada pelos donos dessas grandes indústrias substituem o poder aristocrático, Weber passou sua vida observando essas mudanças, e a partir desse aprendizado empírico ele destaca pontos chave para entendermos o funcionamento do capitalismo.
1 - Por que o Capitalismo existe?
De bate pronto poderíamos responder que o capitalismo surge do desenvolvimento e dá tecnologia, especificamente naquela época com os motores a vapor. Entretanto Weber trás uma visão diferente, eu eu diria até mais interessante: O que tornou o capitalismo possível foi um conjunto de ideias religiosas, e não qualquer religião, o capitalismo foi criado pela religião protestante, mais especificamente pelo Calvinismo. na sua obra "a ética protestante e o espírito capitalista" de 1905. Nesse livro Weber construiu argumentos do porque acreditava que o protestantismo cristão foi peça fulcral no desenvolvimento do capitalismo.
I - O protestantismo te faz sentir culpado.
Weber analisa que os católicos são sortudos, pois podem cometer seus pecados e se confessarem regularmente para serem "limpos" pelos padres. Essa purificação no entanto não está disponível para os protestantes. Eles acreditam que apenas Deus pode perdoar alguém, e isso não vai acontecer até o dia do juízo final. Até lá Weber argumenta, protestantes guardam altos níveis de ansiedade por pensar nessa necessidade vitalícia de provar que são pessoas de bem a um Deus severo que vê tudo, sem falar nada.
II - Deus gosta de trabalho duro.
Na visão de Weber o sentimento de culpa era direcionado para obsessão em trabalho duro. Isso Weber classificou como: A Ética de Trabalho Protestante.
Os pecados do homem só podiam ser pagados através de uma labuta constante. Não coincidentemente os protestantes tinham bem menos festivais e dias de descanso. Na cabeça deles Deus não gostava de tempo livre.
III - Todo trabalho é sagrado.
Na religião católica os trabalhos considerados sagrados eram apenas de padres, monges e freiras, entretanto os protestantes declaravam que todo tipo de trabalho poderia ser em nome de Deus, até mesmo trabalhos como gari ou engenheiro, isso trouxe uma moral e seriedade para qualquer profissão.
IV - É a Comunidade, e não a família que conta.
Em países de maioria católico podemos perceber que a família é a base de tudo, um exemplo é O Poderoso Chefão, em que a cultura italiana de família é muito forte, não é a toa que Roma é o local de mais potencial católico pela presença do Papa, que é considerado o líder mundial da igreja católica. Já os protestantes não viam a família como a principal base, a família poderia ser um refugio para atitudes negativas como ser mesquinho ou egoísta. Os primeiros protestantes começaram a disseminar a ideia de que deveríamos utilizar nossas energias para a comunidade em geral, priorizando o macro onde todos deveriam viver com justiça e dignidade.
V - Não existe milagres.
O protestantismo e o capitalismo científico, não acreditavam nos milagres, Weber chamou isso de "desencantamento do mundo", em vista disso, eles não consideravam que a prosperidade era fruto de misteriosas vontades de Deus, ser rico ou pobre só dependia do trabalho duro do homem, por não acreditar em milagres, eles buscaram nas ciências a explicação e o entendimento das mudanças, o que obviamente incentivou as investigações e descobertas científicas que esporadicamente, traziam evoluções significativas para tecnologia.
Aos olhos de Weber esses cinco fatores foram fundamentais para a concretização do Capitalismo.
Karl Marx afirmava que religião era o opio da massa, uma droga inofensiva para quem consumia, mas que induzia os fiéis a aceitação passiva dos horrores do capitalismo.

[se você quiser saber mais sobre Marx deixe nos comentários] - texto na tela

Entretanto Weber virou essa premissa do Marx de ponta cabeça, dizia ele que as pessoas não engoliam o capitalismo por causa da religião, na verdade elas só se tornaram capitalistas por consequência da religião

2 - Como desenvolver o Capitalismo pelo mundo?

Ao redor do mundo existem mais de 35 países que tem o capitalismo bem desenvolvido, ele talvez funciona melhor na Alemanha onde Weber começou suas observações, mas nas 161 nações restantes, o capitalismo não está tão bem assim. Isso é razão para grande perplexidade e angustia, milhares de dólares são transferidos das partes ricas para as partes pobres. Contudo uma analise Weberiana vai apontar que dar dinheiro para os pobres não é uma solução funcional, pois a principio o problema não é só dinheiro.
Para Weber países que não são bem sucedidos com o capitalismo estão ligados a falta de ansiedade e culpa suficiente, explico melhor: Eles creem num milagre que vai vir até eles, e festejam o "presente", sem pensar no "amanha"...é como vc que fez uma divida maior que seu salário e espera que um milagre não acabe com sua saúde financeira. Fora a questão de "roubar" a Comunidade para dar a sua família, que é o que vemos todos os dias em boa parte da nossa classe política. Favorecer seus pares corruptos em detrimento da população que paga impostos e pouco tem de retorno.

Nos dias atuais se alguém pergunta-se para Weber como expandir o capitalismo no Brasil, ele diria para focar no que hoje é equivalente a religião, que é a cultura, porque é por intermédio das atitudes de uma nação, esperanças e um sentido pra vida que uma economia pode florescer ou afundar.
Já na questão da redução da pobreza e consequentemente na redução da desigualdade social, Weber diria para começar no campo das ideias, por exemplo o Banco mundial e o FMI não deveriam financiar a África subsaariana, na visão Weberiana, com dinheiro e tecnologia, mas sim com novos pontos de vista. A questão central para uma economia não deveria ser a taxa de inflação mas o que é apresentado na TV de noite que normalmente são programas de entretenimento barato.

3 - Como podemos mudar o mundo?

Weber escreveu na era das revoluções, e ele também queria que as coisas mudassem, porem ele acreditava que era necessário primeiramente entender como funciona o poder político.
Na visão de Weber a humanidade passou por 3 tipos diferentes de poder:
As sociedades antigas funcionavam com o que ele chamou de "Autoridade Tradicional" que era a forma de os Reis ludibriar o povo com folclore e divindade para justificar o seu poder.
Depois veio a "Autoridade Carismática" onde um indivíduo heroico como Napoleão Bonaparte poderia subir ao poder por conta desse carisma magnético, ou seja, um líder que atrai o povo e o respeita mudando tudo por meio de sua paixão e força de vontade.
No entanto Weber descreve uma terceira era de poder conhecida como "Autoridade Burocrática": Um burocrataca consegue seu poder através do conhecimento, o burocrata sabe como as coisas funcionam, e essas coisas levariam anos pra alguém da massa compreender, e por consequência a maioria de nós desistiria, o que é extremamente útil para o poder estabelecido. O domínio dos burocratas tem enorme implicação para qualquer um que almeja mudar uma nação, alterar sua engrenagem sólida de poder, no Brasil e no mundo existe uma crença compreensível, mas equivocada de que só precisamos trocar de líder, como vemos de quatro em quatro anos na presidência. Mas na realidade remover o líder quase nunca teve o impacto que se esperava, pois o presidente é só uma parte dessa grande engrenagem de poder. Se desejamos que as coisas melhorem, muitas coisas precisam ser feitas, desde processos internos, burocráticos e menos dramáticos, ela pode vir de evidencias estatísticas, relatórios detalhados a ministros, testemunhos a comissões legislativas e revisões precisas das finanças publicas.
Weber nos mostra como o poder funciona agora, e nos lembra que ideias podem ser muito mais importantes que ferramentas ou dinheiro na mudança das nações.
Sua tese é muito significante, com Weber aprendemos que muito do que associamos com forças externas vastas e impessoais, é na verdade, dependente em algo fundamentalmente intimo e, quem sabe, mais maleável: O pensamentos em nossa cabeça

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