Calma: Antes de criticar o título do texto, por favor, leia até o final. Recentemente, o ex jogador e artilheiro do São Paulo FC, Françoaldo Sena, popularmente conhecido como França, disse em entrevista que não pretende mais voltar a morar no Brasil (mora no Japão há quase 20 anos), porque lá se tem respeito, higiene e principalmente educação. A palavra que mais chamou atenção em sua fala foi justamente essa última, ou seja, educação. No Brasil é bastante comum ouvir dizer que precisamos de mais educação, que uma nação se constrói com mais investimento em escolas, universidades, cursos técnicos, etc., pois só assim o país se torna de primeiro mundo. Longe de discordar desse fato, a verdade é que, a meu ver, não é esse o tipo de educação que primordialmente necessitamos, mas sim a educação de valores e princípios. Tenho um livro (não terminei de ler), chamado: Capital Moral, de Roel Kuiper. O autor, filósofo e ex-senador do parlamento holandês, discorre em sua obra sobre a necessidade de termos mais capital moral. Por capital moral entende-se as relações não voltadas simplesmente por meio de contratos sociais, mas sim de pactos leais. Todos nós sabemos que a maioria das relações do ser humano ocidental/pós moderno, são em grande parte contratuais e não por meio de pactuais. Um exemplo simples não escrito no livro, mas deduzido por mim, eram os relacionamentos sociais feitos pelos mais antigos. Não havia tantos contratos para assegurar o cumprimento de um negócio, pois a palavra já bastava. Hoje, é praticamente impossível se fazer um negócio sem antes estar amparado juridicamente. Por quê? Porque as transações não são mais feitas com base em confiança, mas infelizmente em desconfiança. Isso significa evolução da sociedade? Não. É um retrocesso. É nessa tecla que o autor bate. Tal exemplo também serve para muitos outros, como, por exemplo, casamentos, relacionamentos entre pais e filhos, empregadores e empregados, políticos e população, etc. Sem essas capacidades morais, não adianta um ensino de qualidade ou quantidade de escolas, pois são elas que dão todo o sustento do tecido social. Fazendo uma analogia, não adianta muito uma rua ser apenas recapeada. É preciso ser definitivamente consertada. O mesmo vale para a educação. Não adianta a construção de mais escolas e universidades ou centros de pesquisa, se as relações sociais não forem feitas por meio de confianças e respeitos mútuos. Não se trata de moralismo no sentido hipócrita da coisa, mas de múltiplas reciprocidades. Enfim, a educação escolar só é eficiente no Japão porque a educação de valores é prioridade. E no Brasil se também não for assim, esquecem um país minimamente decente!
Sidney
sexta-feira, 30 de outubro de 2020
"NÃO PRECISAMOS DE ESCOLAS."
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