O que é e o que é? Clara e salgada
Cabe em um olho e pesa uma tonelada
Tem sabor de mar, pode ser discreta
Inquilina da dor, morada predileta
Na calada, ela vem, refém da vingança
Irmã do desespero, rival da esperança
Pode ser causada por vermes e mundanas
E o espinho da flor cruel que você ama
Amante do drama, vem pra minha cama por querer
Sem me perguntar, me fez sofrer
E eu, que me julguei forte, e eu, que me senti
Serei um fraco quando outras delas vir
Se o barato é louco e o processo é lento
No momento, deixa eu caminhar contra o vento
Do que adianta eu ser durão e o coração ser vulnerável?
O vento, não, ele é suave, mas é frio e implacável (é quente)
Borrou a letra triste do poeta (só)
Correu no rosto pardo do profeta
Verme, sai da reta, a lágrima de um homem vai cair
Esse é o seu B.O. pra eternidade
Diz que homem não chora, tá bom, falou
Não vai pra grupo, irmão, aí, Jesus chorou
[Verso 1: Mano Brown/consciência do Brown/amigo do Brown]
Porra, vagabundo, ó, vou te falar
Tô chapando, eita mundo bom de acabar
O que fazer quando a fortaleza tremeu
E quase tudo ao seu redor, melhor, se corrompeu?
— Êpa, 'pera lá, muita calma, ladrão!
Cadê o espírito imortal do Capão?
Lave o rosto nas águas sagradas da pia
Nada como um dia após o outro dia
— Quê? Quem—
— Sou eu, seu lado direito
Tá abalado, por que veio? Nêgo, é desse jeito
Durmo mal, sonho quase a noite inteira
Acordo tenso, tonto e com olheira
Na mente: sensação de mágoa e rancor
Uma fita me abalou na noite anterior:
— Cah-um! Alô?
— Alô? Aí, dorme, hein, doidão?
Mil fitas acontecendo e 'cê aí
—Que horas são?
— Meio-dia e vinte, ó
A fita é o seguinte, ó
N'é isqueirando, não, mó
Fita de um mil grau (huh!)
Ontem eu tava ali, de CB, no pião
Com um truta firmezão, 'cê tem que conhecer
Se pam, 'cê liga ele, vai saber, de repente
Ele fazia até um rap num passado recente
— Aham
— Vai vendo a fita, 'cê não acredita
Quando tem que ser, é, jão, huh, pres'tenção
Vai vendo: parei pra fumar um de remédio
Com uns moleques, lá, que, pá, traficam nos prédios
Um que chegou depois pediu pra dar uns dois
Logo um patrício, ó, novão e os carai
Fumaça vai, fumaça vem, nem chapou o coco
Se abriu que nem uma flor, ficou louco
Tava eu, mais dois trutas e uma mina
Num Tempra prata, show, filmado, ouvindo Guina
Iiiih! O bico se atacou, ó, falou uma pá de você
— Tipo o quê?
"— Esse Brown, aí, é cheio de querer ser" (ohh!)
"— Deixa ele moscar, vir cantar na quebrada
Vamos ver se é isso tudo quando vir as quadradas
Periferia nada, só pensa nele mesmo
Montado no dinheiro e 'cês, aí, no veneno
E a cara dele, truta, cada um no seu corre
Tudo pelas verdes, uns matam, outros morrem
Eu, mesmo, se eu catar a boa numa hora dessa
Vou me destacar do outro lado, depressa
Vou comprar uma house de boy, depois alugo
Vão me chamar de 'senhor', não por vulgo
Mas, pra ele, só a zona sul que é a pá
Diz que ele tira nóis, nossa cara é cobrar
O que ele quiser, nóis quer; vem que tem
Porque eu não pago pau pra ninguém"
— E eu? Só registrei, né, não era de lá
Os manos tudo só ouviu, ninguém falou um "A"
— Quem tem boca fala o que quer pra ter nome
Pra ganhar atenção das mulheres e outros homens
Amo minha raça, luto pela cor
O que quer que eu faça, é por nós, por amor
Não entende o que eu sou, não entende o que eu faço
Não entende a dor e as lágrimas do palhaço
Mundo em decomposição, por um triz
Transforma um irmão meu num verme infeliz
E a minha mãe diz:
"— Paulo, acorda, pensa no futuro, que isso é ilusão
Os próprios pretos não tão nem aí com isso, não
Ó, o tanto que eu sofri, o que eu sou, o que eu fui
A inveja mata um, tem muita gente ruim"
— Pô, mãe, não fala assim que eu nem durmo
Meu amor pela senhora já não cabe em Saturno
Dinheiro é bom, quero, sim, se essa é a pergunta
Mas dona Ana fez de mim um homem, não uma puta
Ei, você, seja lá quem for: pra semente, eu não vim
Então, sem terror
Inimigo invisível, Judas incolor
Perseguido eu já nasci, demorou
Apenas por trinta moedas, o irmão corrompeu
Atire a primeira pedra quem tem rastro meu
Cadê meu sorriso? Onde tá? É, quem roubou?
Humanidade é má e até Jesus chorou
Cabe em um olho e pesa uma tonelada
Tem sabor de mar, pode ser discreta
Inquilina da dor, morada predileta
Na calada, ela vem, refém da vingança
Irmã do desespero, rival da esperança
Pode ser causada por vermes e mundanas
E o espinho da flor cruel que você ama
Amante do drama, vem pra minha cama por querer
Sem me perguntar, me fez sofrer
E eu, que me julguei forte, e eu, que me senti
Serei um fraco quando outras delas vir
Se o barato é louco e o processo é lento
No momento, deixa eu caminhar contra o vento
Do que adianta eu ser durão e o coração ser vulnerável?
O vento, não, ele é suave, mas é frio e implacável (é quente)
Borrou a letra triste do poeta (só)
Correu no rosto pardo do profeta
Verme, sai da reta, a lágrima de um homem vai cair
Esse é o seu B.O. pra eternidade
Diz que homem não chora, tá bom, falou
Não vai pra grupo, irmão, aí, Jesus chorou
[Verso 1: Mano Brown/consciência do Brown/amigo do Brown]
Porra, vagabundo, ó, vou te falar
Tô chapando, eita mundo bom de acabar
O que fazer quando a fortaleza tremeu
E quase tudo ao seu redor, melhor, se corrompeu?
— Êpa, 'pera lá, muita calma, ladrão!
Cadê o espírito imortal do Capão?
Lave o rosto nas águas sagradas da pia
Nada como um dia após o outro dia
— Quê? Quem—
— Sou eu, seu lado direito
Tá abalado, por que veio? Nêgo, é desse jeito
Durmo mal, sonho quase a noite inteira
Acordo tenso, tonto e com olheira
Na mente: sensação de mágoa e rancor
Uma fita me abalou na noite anterior:
— Cah-um! Alô?
— Alô? Aí, dorme, hein, doidão?
Mil fitas acontecendo e 'cê aí
—Que horas são?
— Meio-dia e vinte, ó
A fita é o seguinte, ó
N'é isqueirando, não, mó
Fita de um mil grau (huh!)
Ontem eu tava ali, de CB, no pião
Com um truta firmezão, 'cê tem que conhecer
Se pam, 'cê liga ele, vai saber, de repente
Ele fazia até um rap num passado recente
— Aham
— Vai vendo a fita, 'cê não acredita
Quando tem que ser, é, jão, huh, pres'tenção
Vai vendo: parei pra fumar um de remédio
Com uns moleques, lá, que, pá, traficam nos prédios
Um que chegou depois pediu pra dar uns dois
Logo um patrício, ó, novão e os carai
Fumaça vai, fumaça vem, nem chapou o coco
Se abriu que nem uma flor, ficou louco
Tava eu, mais dois trutas e uma mina
Num Tempra prata, show, filmado, ouvindo Guina
Iiiih! O bico se atacou, ó, falou uma pá de você
— Tipo o quê?
"— Esse Brown, aí, é cheio de querer ser" (ohh!)
"— Deixa ele moscar, vir cantar na quebrada
Vamos ver se é isso tudo quando vir as quadradas
Periferia nada, só pensa nele mesmo
Montado no dinheiro e 'cês, aí, no veneno
E a cara dele, truta, cada um no seu corre
Tudo pelas verdes, uns matam, outros morrem
Eu, mesmo, se eu catar a boa numa hora dessa
Vou me destacar do outro lado, depressa
Vou comprar uma house de boy, depois alugo
Vão me chamar de 'senhor', não por vulgo
Mas, pra ele, só a zona sul que é a pá
Diz que ele tira nóis, nossa cara é cobrar
O que ele quiser, nóis quer; vem que tem
Porque eu não pago pau pra ninguém"
— E eu? Só registrei, né, não era de lá
Os manos tudo só ouviu, ninguém falou um "A"
— Quem tem boca fala o que quer pra ter nome
Pra ganhar atenção das mulheres e outros homens
Amo minha raça, luto pela cor
O que quer que eu faça, é por nós, por amor
Não entende o que eu sou, não entende o que eu faço
Não entende a dor e as lágrimas do palhaço
Mundo em decomposição, por um triz
Transforma um irmão meu num verme infeliz
E a minha mãe diz:
"— Paulo, acorda, pensa no futuro, que isso é ilusão
Os próprios pretos não tão nem aí com isso, não
Ó, o tanto que eu sofri, o que eu sou, o que eu fui
A inveja mata um, tem muita gente ruim"
— Pô, mãe, não fala assim que eu nem durmo
Meu amor pela senhora já não cabe em Saturno
Dinheiro é bom, quero, sim, se essa é a pergunta
Mas dona Ana fez de mim um homem, não uma puta
Ei, você, seja lá quem for: pra semente, eu não vim
Então, sem terror
Inimigo invisível, Judas incolor
Perseguido eu já nasci, demorou
Apenas por trinta moedas, o irmão corrompeu
Atire a primeira pedra quem tem rastro meu
Cadê meu sorriso? Onde tá? É, quem roubou?
Humanidade é má e até Jesus chorou
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