terça-feira, 10 de novembro de 2015

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quinta-feira, 5 de novembro de 2015

O que vejo em São Paulo

No meio de tanto asfalto, me procuro durante alguns segundos até

que eu me encontre em algum grafitti exposto às intempéries do tempo

em qualquer muro da cidade. Depois de me perder de novo em meio à

tantos banners, placas e construções, fico a me perguntar qual é o

sentimento que devo escolher diante de tamanha inconstância e

diversidade. Repito alguns versos em voz alta, que ecoam em meu

íntimo enquanto entro no ônibus. Passageiros fatigados pela rotina não

percebem o que eu sinto. Empatia é mito em horário de pico.

Abro a mochila. Pego o livro, penso na vida enquanto a vista

percorre as linhas. Esqueço que o troco dado pelo cobrador ficou no

bolso quase que pendurado e recorro ao tato para conferir se não deixei

o pouco que me resta cair no chão do busão. Dito e feito! Perdi mesmo.

Já pago tanto imposto, devia era ter enfrentado as caras feias e pedido

carona pro motorista que assim como eu se sente explorado mas se cala

e ainda acha ruim quando alguém fala na sua cara que precisa procurar

emprego mas não tem dinheiro pra se locomover, que dirá pra se vestir.

Mais alguns versos latejam na minha mente, dessa vez com boas novas.

Lembro que aprendi, em um passado recente, a não sucumbir diante dos

maiores sequestros emocionais situados nas entrelinhas do que entende

a mente.

Depois das distrações volto à leitura que perdura até a chegada do

ponto em que me encontro. Pego meu caderninho de bolso e começo a

escrever este texto. Abro novamente a mochila e vejo meus pertences

que trazem, um à um, enorme nostalgia. Penso no quanto sou único no

universo.  Percebo olhares e detalhes que ninguém parece alcançar, até

que me deparo com uma criança que me enche de esperança ao passar

pela rua com o velho brilho no olhar. Em um simples caminho rotineiro

faço o que posso pra manter-me vivo porque somente sobreviver é um

engano. Não faz sentido.


Autor: Fellipe Nogueira